Eu juro que cachaça é das melhores bebidas para acompanhar carnes com sabores fortes. Experimente cortar tiras de carne de sol e comer devagarinho enquanto você beberisca uma boa cachaça.
E, já que mencionei, também garanto que cachaça não é apenas bebida da pressa, da falta de sossego ou vontade de pegar um porre rápido. Não é preciso virar um copo de cachaça, sabe? Tenha calma para sentir seu sabor forte e fique com esse mesmo copo quase uma hora perto de ti.
Também comento que há poucas coisas melhores, que eu conheça, do que conversa com cachaça. Principalmente se for ao entardecer ou à luz da lua. Ainda mais se você estiver ouvindo um tio engraçado ou um pai meio poeta. Se tiver essa oportunidade, puxe um banco pra não muito longe do violeiro que deve aparecer. E fique por ali, quantas cachaças for capaz.
Se faltar assunto, pergunte sobre as famílias das pingas. De onde cada garrafa veio, em que madeira estava armazenada e, por favor, repare nos rótulos!
E é de verdade que não é necessário se preocupar em sempre preparar uma caipirinha. Além da carne de sol, cachaça vai muito bem com torresmo, com farinha na manteiga de garrafa, com fígado acebolado ou coração de galinha frito. Mesmo assim, se der vontade, procure uma jabuticabeira no pé mais próximo e tente misturar as frutas dali, as do pé.
E, principalmente, a próxima vez que vir uma mulher sozinha numa mesa de bar, tomando sua cachaça, pense. Ao invés de fazer uma piada e chamá-la apenas de cachaceira, tente chegar perto da moça e pergunte de onde ela veio. Não perca a chance de ficar muitas amarelinhas ouvindo suas histórias sobre sua origem e família brasileiras.
No final da noite, talvez você continue bebendo cerveja. Mas, certamente, vai conhecer um pouquinho mais sobre teu país.