Tião Rocha é educador, criador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), em Belo Horizonte (MG). Sua visão sobre educação faz a gente coçar a cabeça e repensar tudo. Na cidade de Curvelo, no sertão de Minas, Tião iniciou um projeto pedagógico baseado no uso da cultura local como matéria-prima da educação e na proposta de que aprender é possível em qualquer lugar. Os três pilares de seu método de trabalho são: pedagogia do sabão, que busca soluções caseiras para problemas comunitários; do brinquedo, que propõe uma educação mais divertida através de jogos; e da roda, que engaja crianças a se sentarem num círculo e enxergarem uma a outra para solucionarem juntas alguma questão. Em conversa a revista Vida Simples, Tião Rocha falou também de outra tática em suas escolas: suas “aulas de cafuné”.
Aproveito suas aspas para responder a pergunta: Por que ensinar através do cafuné pedagógico?
“Só sabe que é bom cafuné aquele que já o recebeu uma vez na vida. Então tivemos que fazer cafuné pedagógico, que é possibilitar que o outro invista no lado luminoso dele, capaz de surpreender e de gerar. Isso também começou em uma brincadeira com meninos na periferia. A minha brincadeira era dizer: só vou dar um abraço apertado, daqueles de quebrar costela, se você estiver com o cabelo penteado, ou de batom, cheirosa. Senão, comigo vai ser distância, na ponta do dedinho. Um jogo. Só que isso fez com que a meninada levasse a sério. Nós percebemos na comunidade e na escola a demanda dessas pessoas que querem ser cuidadas, que querem se gostar. Percebemos que o afeto, o abraço, o cafuné pedagógico favoreciam as pessoas a sentir mais orgulho de si. E as ajudavam a sair da linha de baixo, do desprezo, para a de cima, da auto-estima”.
Recomendo também sua entrevista no Programa Roda Viva, da TV Cultura:
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Pesquisa e entrevista: Ana Luiza Gomes