Satisfação é ter uma seleção musical do Acre feita pelo vocalista da banda Los Porongas. Diogo diz:
A música do Acre é um caldeirão místico. No meio da floresta inventaram cidade e na cidade criaram sambas, rocks e otras tantas cositas más.
Tentei fazer uma compilação ampla que tivesse canções, compositores e intérpretes significativos para mim e para minha Passárgada.
1. O samba “Falsa Alegria”, de Sérgio Souto, é das músicas mais bonitas nascidas por lá, de uma delicadeza!
2. Pouca gente sabe mas a melodia de “Qualquer Coisa” é do acreano João Donato, Caetano ouviu e um dia chegou com a letra non-sense, que o mestre pianista adorou!
Pia Vila e Clenilson batista são dois veteranos que inventaram uma linguagem própria pra traduzir o Acre com muita crítica, humor e lirismo.
3. Padim Sebastião fala sobre a invasão pecuarista da década de 70 e é um verdadeiro documento sobre a luta dos povos da floresta por sua sobrevivência.
4. Rio Estranho é um dos hinos não oficiais do Acre, o rio torno que não vê o mar.
5. Já “Cidadão de bem” é uma canção recente do veterano Clenilson Batista, vocalista da primeira banda de rock autoral de lá, o grupo Capú. Uma crítica sem dó nem piedade ao Estado das mil maravilhas da propaganda governamental.
6. Outro que também não mede a poesia para descer a lenha é Sergio Patchouli, aqui no veneno delícia da sua “Zarabatana”.
7. A geração 2000 do Acre também já tem uma contribuição grande para o repertório local. Euphônicos é uma banda nova que reuniu gente do rock (Aarão Prado), do samba (Bruno Damasceno) e da História (Marcos Vinícius Neves) numa onda folk ukuleleliana. Eles aparecem aqui com “Pegadas”.
8. Outra banda contemporânea, que está prestes a lançar seu primeiro disco é o Descordantes. “Enquanto Puder” é entoada nos shows em Rio Branco e Porto Velho, aqui a versão do EP deles.
9. Carol Fretias um talento sem igual, canta outro hino não-oficial da cidade de Rio Branco, “Pita na Jaqueira”, de Tony Ruela, acompanhada do maior guitarrista das terraz de Galvez, Charles Sampaio, tocando violão no estúdio da Rádio Aldeia, a rádio pública de lá.
10. Carol também interpreta com sua extinta banda, Filomedusa, “O que eu sou?”, epopéia existencialista blueseira de Daniel Zen, ex-baixista da banda e atual secretário de Educação do Acre!
11 e 12. A banda mais legal da cidade de Rio Branco acabou e o guitarrista da Filomedusa, Saulo Olímpio, montou outra banda mais legal do Acre, o Caldo de Piaba, música instrumental da melhor qualidade, flertes entre o rock e a cúmbia, entre o ska e a guitarrada paraense, um lance assim meio Los Pasteles Verdes com Beatles. Na lista entram “Sborba” e “Moliendo Café”, do EP “Volume Dois”, na minha opinião a melhor gravação já feita na terrinha.
O Acre é o maior barato!
Diogo Soares se criou no Acre e lá, pelas curvas do rio que corta a cidade de Rio Branco, depois de algumas noites embriagadas de céu e som, se tornou vocalista da banda Los Porongas. Em São Paulo desde 2007, inventa com velhos e novos amigos nômades seu terceiro disco.