Pedro Alexandre Sanches é editor do site Farofafá, sobre música brasileira, da Carta Capital. Foi ele quem nos respondeu: Por que editar um site sobre música brasileira chamado Farofafá?

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O nome surgiu, primariamente, da canção “Farofa-Fá”, do Mauro Celso (pessoal conhece mais na versão do Sérgio Mallandro…), um artista dito cafona, ou brega, ou seja lá como rotulem aqueles que gostam de discriminar a MPB entre “nobres” e “plebeus”.

É uma provocação nesse sentido, de privilegiar a música realmente popular, que geralmente fica (ou ficava) alijada da MPB que roubou pra si o qualificativo “popular” que nem sempre é tão popular assim, e do jornalismo, e da crítica cultural, e dos estudos acadêmicos… O Brasil com S, como você diz, é MPB e samba e bossa nova, mas é também funk carioca, forró, música caipira, sertanejo universitário, hip-hop etc. etc. etc.

Na minha cabeça, o nome Farofafá aponta também para Fafá de Belém e para mais um sem-número de símbolos: o Pará (para mim atualmente o estado mais rico e sofisticado do Brasil em termos musicais – e gastronômicos!), gêneros musicais subvalorizados como o carimbó e o tecnobrega, uma artista que trafegou (sofrendo muitos preconceitos) entre a MPB, o brega, o sertanejo etc.

Por fim, entrelaçando tudo que já falei acima, vem o símbolo da farofa propriamente dita, a comida gostosa que é uma mistureba de um sem-número de ingredientes, vários deles aparentemente díspares entre si – ovo, banana, tomate, bacon, linguiça, e assim por diante. É algo como dizer: não venha falar mal da banana que eu pus na minha farofa, se eu gosto de banana a minha farofa é de banana, sim senhor.

(Foto: Capa do Álbum Água de Belém, de Fafá de Belém. Este tema de pesquisa foi feito em parceria com a Cozinha de Matilde).

Pesquisa e entrevista: Ana Luiza Gomes